Tendo a cigarra em cantigas
Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o acesso estio.
“Amiga” - diz a cigarra -
“Prometo, à fé d’animal.
Pagar-vos antes de agosto
Os juros e o principal.”
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta:
“No verão em que lidavas?”
A pedinte ela pergunta.
Responde a outra: “eu cantava
Noite e dia, a toda hora.”
”- Oh! Bravo!” - torna a formiga -
“Cantavas? Pois dança agora!”
Jean de La Fontaine
Versão adaptada
Num dia quente de Verão, a Cigarra cantava feliz quendo viu uma Formiga a passar muito atarefada.
Vinha cansada e carregava com dificuldade um grão de milho que arrastava para o formigueiro.
-
Ó Formiga, porque não descansas um pouco? Fica aqui a conversar, em vez de te cansares tanto. – Perguntou-lhe a Cigarra.
-
Preciso de guardar comida para o Inverno e aconselho-te a fazeres o mesmo. – respondeu-lhe a Formiga.
A Cigarra riu.
- Por que me hei de ter tanto trabalho? Há por aqui tanta comida – respondeu a Cigarra, olando em volta.
A Formiga não ligou e continuou a carregar o gão de milho. Foi assim durante vários dias.
Quando o Inverno chegou, a Cigarra percebeu que não tinha nada para comer.
Depois, viu que as Formigas tinham o que comer porque tinham guardado comida no Verão.
E percebeu que tinha agido mal…