Era uma vez, no tempo em que os animais falavam, uma princesa que adorava ervilhas. Todos os dias, pedia para comer um prato de ervilhas: estufadas, cozidas, ou em puré…tanto fazia.
— Come, querida! Dizia a rainha, feliz por ver a usa filha comer as leguminosas com tanto prazer. Afinal, era comida saudável.
Mas, um dia, as ervilhas acabaram.
— Mãe, não há ervilhas? Queria mesmo ervilhas.
— Ó, querida, já não é tempo delas, mas vou chamar o agricultor do reino para ver o que podemos fazer.
Apareceu o jardineiro e explicou que já não havia ervilhas fresquinhas porque se plantam ervilhas no início da Primavera; de preferência no final das geadas de Inverno. Era a melhor altura para conseguir vagens e ervilhas saborosas e saudáveis.
— É o primeiro ano que não temos ervilhas nesta altura. Onde está o agricultor?
— Está de férias, Majestade. E eu nunca tratei de das ervilhas.
A rainha pensou por um bocado.
— Façam uma estufa! Neste reino, não faltarão ervilhas. – declarou a rainha, com altivez.
— Sim, Majestade!
E em três tempos, fez-se a estufa. Mesmo assim, as ervilhas não prestavam, cresciam pouco; mirradas ou pequeninas.
As ervilhas do reino não eram, definitivamente, saborosas.
A princesa, muito despachada, resolveu investigar o mistério. Foi atrás do jardineiro e logo percebeu qual era o problema. Na estufa, o jardineiro tirava as ervas e regava as plantas, mas sempre de mau humor. Ele resmungava a toda a hora porque não gostava de ervilhas.
— Onde é que já se viu uma estufa só para ervilhas? Estas bolas sem sabor, horrorosas. Blec!
A princesa saiu, de mansinho, e foi contar à mãe o que viu.
—Mamã, penso que posso resolver o problema.
— Ai sim? Mas como?
— O que falta às minhas ervilhas é atenção e amor. Elas precisam e alguém que goste delas como eu. A partir de amanhã, vou eu tratar da estufa. E assim foi.
A partir desse dia, a princesa levantava-se cedo e, antes das aulas, ia regar e tirar as ervas às suas plantinhas. Falava com elas e contava-lhes peripécias dos seus dias. E o que é certo, é que as ervilhas começaram a crescer, a crescer… grandes, redondinhas, carnudas e bem verdinhas. E quando foram para o prato?
Huuum, deliciosas!
As ervilheiras produziam tanto, que começaram a distribuir as ervilhas pelos habitantes do reino. E eram tão saborosas, que todos queriam mais para fazer deliciosos pratos e até, sobremesas.
A partir daí, mais agricultores foram contratados para semear as ervilhas e mais estufas foram construídas. As ervilhas reproduziam-se e cresciam tanto que passaram a ser vendidas, também, para outros reinos e o país começou a ser conhecido como o país das melhores ervilhas do mundo.
Todos queriam saber qual o segredo para se ter aquelas ervilhas especiais e quando diziam: “muito amor”, as pessoas ficavam perplexas e não entendiam nada.
Assim, o segredo ficou guardado para sempre naquele reino que, graças à Princesa das Ervilhas, se tornou rico e próspero.
E todos viveram felizes por muito, muito tempo, comendo ervilhas saudáveis e nutritivas.
Ana Silva, 2020, Lápis Mágico
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