Era uma vez uma menina chamada Sofia que ia passear com os pais até casa do avô. Pelo caminho fazia imensas perguntas, mas hoje estava particularmente aborrecida porque chuviscava.
– Detesto chuva! – dizia ela, fazendo birra.
– Ó querida, eu sei que gostas mais do Sol para poderes brincar fora de casa mas a chuva é muito importante para a natureza: rega os campos e todas as plantas; dá de beber aos animais e também chega os rios e lagos para estes terem sempre água e não secarem.
– Pois, mamã. Na escola já falamos da importância da água e que, todos os seres vivos, precisam de água para viverem.
– Muito bem, Sofia.
A Sofia já estava a olhar pelo vidro do carro porque estavam a passar a ponte. O avô vive em Gaia e, para lá ir, ela tinha que atravessar a ponte pois vinha do Porto.
– Que rio é este? – perguntou a menina.
– É o rio Douro- respondeu o pai, prontamente.
– Como é que há rios? – continuou ela com as suas perguntas.
Os pais, com muita paciência, lá iam respondendo às suas perguntas, mas, de repente, a Sofia ouviu uma vozinha desconhecida.
– Psst, psst. Ei, queres saber tudo sobre a água?
A Sofia estava espantada. “Que vozinha era aquela?”
– Ei, estou aqui. – Voltou a ouvir.
Uma gotinha de água flutuava, brilhante, mesmo à sua frente.
– Queres conhecer a minha história? A maravilhosa história do Ciclo da Água?
– Ciclo da água? Não sei o que é isso - Repetiu a Sofia.
– Não sabes? Então, vou contar-te tudo.
Vês estas gotas que caem do céu? São minhas irmãs e tal como eu fazemos parte do Ciclo da água. Já viajei por todo o planeta porque a água viaja em círculos à volta da Terra; é sempre a mesma.
A menina estava perplexa.
– É sempre a mesma? Como é possível?
– Já vais perceber. Ora, tudo começa quando o Sol aquece a Terra.
Ao aquecer a Terra também nos aquece, ou seja, aquece a água dos rios, dos mares, oceanos e lagos. Ao aquecer-nos, algumas de nós, gotinhas, ficamos muito leves e começamos a subir para a atmosfera e transformamo-nos num gás chamado vapor de água. Isto chama-se Evaporação.
– Eva.., o quê? – perguntou a Sofia que queria saber tudo.
– Evaporação. – Repetiu a gotinha. E continuou:
Entretanto, nós, já em vapor de água, sentimos o arrefecimento do ar e voltamos a transformar-nos em pequenas gotículas de água e muito juntinhas formamos as nuvens. A isto chamamos Condensação.
A Sofia que ouvia atentamente fez logo outra pergunta:
– Então, porque chove?
– Era mesmo isso que te ia explicar. Quando, nós, as gotinhas de água, nos juntamos e formamos as nuvens, elas ficam cada vez mais pesadas e surge a queda de água, ou seja, a Precipitação. E pode acontecer em forma de chuva, granizo ou neve.
– Ah, que engraçado. Então, porque razão neva tão pouco por cá?
– Boa pergunta, Sofia. Para nevar é preciso condições atmosféricas especiais: é necessário que esteja muito frio, com temperaturas de 0 graus ou abaixo de 0 graus. Só assim eu e as minhas irmãs nos transformamos em cristais de gelo. Oh, nem imaginas como fico bonita quando ou um cristal de gelo. Adoro!
– Ah, já percebi. Eu também adoro brincar na neve. E o que te acontece quando chove? Para onde vais, gotinha?
– Nós, gotinhas, quando caímos na Terra podemos ir para vários sítios: voltamos aos mares, aos oceanos, rios e lagos mas também vamos para o solo, aliás, vamos para debaixo da terra e formamos lençóis de água. É como se fossem poças de água debaixo da terra. É assim que os seres vivos, os animais, plantas e humanos como tu, têm água para beber. Depois, a viagem volta a repetir-se quando a água existente na terra volta a evaporar-se… É uma viagem sem fim a que fazemos.
A menina ficou pensativa e respondeu:
– Já percebi porque a minha mamã me diz sempre que a chuva é importante. Nunca mais vou reclamar por estar a chover.
A gotinha, acenou com a cabeça e respondeu:
-– Mas atenção, a água potável, ou seja, boa para beber está a esgotar-se e nós estamos preocupadas. Sabes porquê?
– Essa eu sei. – Disse a menina. Os meus pais dizem sempre para fechar a torneira quando lavamos os dentes; que devemos tomar um duche em vez de encher a banheira e devemos fechar bem as torneiras para não pingarem.
– Ora muito bem. Que linda menina! Se todos fizerem como tu o nosso futuro é risonho.
Gotinha, ainda bem que apareceste! Já aprendi tanto, obrigada!
– Também gostei muito de falar contigo, és uma menina muito curiosa. Agora, tenho que ir ter com as minhas irmãs. E sempre que vires chover, lembra-te de mim!
Pozinhos de Perlimpimpim, esta história chegou ao fim!
Lápis Mágico, 2020