O urso Bernardo acordou bem disposto. O Natal estava a chegar e ele estava cheio de vontade de festejar com os amigos.
Decidiu pedir ajuda ao esquilo Tó e à raposa Rita para decorar o pinheiro de Natal, que havia mesmo em frente à clareira onde haveriam de fazer a ceia de Natal.
– Raposa Rita, estás aí?
– Bom dia, Bernardo. Tão cedo por aqui?
– Sabes que só faltam 5 dias para o Natal? E ainda não decorei o pinheiro. Não me queres ajudar?
– Ó Bernardo, adorava, mas a minha irmã chega hoje da Floresta Verde e quero cá estar. Podemos marcar para amanhã? O urso, tristonho, entendeu.
– Não faz mal. Eu entendo. Até logo.
E continuou o seu caminho em direção à casa do Esquilo.
“Pode ser que o Esquilo me ajude”.
Toc, Toc ,Toc
– Esquilo Tó, Bom dia.
– Bom dia, amigo. Vieste mais cedo. Não nos íamos encontrar de tarde para apanharmos bagas para a ceia de Natal? – Sim, sim. É verdade, mas quero decorar a árvore de Natal e preciso de ajuda.
– Oh, Bernardo. Gostava muito, mas hoje de manhã não posso. Que tal amanhã?
O urso, tristonho, aceitou e foi embora.
Passava pelo lago, quando reparou na coruja, sua amiga, de olhos fechados.
– Dona Lili, Dona Lili – Chamou.
– Quem me chama? – perguntou a coruja, sonolenta. “Ah, és tu Bernardo. Porque me acordaste? Estou cheia de sono, preciso de dormir.“
– Oh, desculpa. Vinha perguntar se me querias ajudar a decorar a árvore de Natal.
– Querido amigo, claro que quero. Gosto muito do Natal. Pode ser amanhã?
– Oh, pensei que me poderias ajudar hoje. Queria tanto decorar a árvore de Natal hoje. Bem, acho que vou ter que fazer isso sozinho.
– Sozinho? Olha que pode ser perigoso. É uma árvore muito alta e precisas de ajuda para chegares aos ramos mais altos. Espera pelo dia de amanhã e terás ajuda.
O Urso Bernardo, já nem ouviu. Estava a elaborar um plano para conseguir decorar o pinheiro sozinho e poder surpreender os amigos, no dia seguinte.
– Bernardo? Estás a ouvir? Podes-te magoar. A coruja ficou preocupada mas tinha tanto sono que fechou olhos. “Vou só dormir um bocadinho e já resolvo isto.
Entretanto, o urso chegou a sua casa, pegou nas caixas de decorações que tinha guardadas e começou pelos ramos mais baixos. De seguida, como não tinha escadote, pegou numa cadeira e continuou mais acima até não conseguir esticar-se mais e resolveu pegou numa outra cadeira para colocar por cima da outra.
Saltou para as duas cadeiras empoleiradas uma na outra e continuou a colocar bolas, estrelinhas e bonecos de neve no pinheiro.
“Huum, acho que falta uma aqui” pensou ele. Esticou-se para a direita e a cadeira balançou. Esticou-se para a esquerda e balançou mais um pouco.
Oh oh – disse o ursinho, assustado. Tentou equilibrar-se e segurou-se num ramo, quando sentiu que a cadeira balançava com mais força.
Puum, a cadeira caiu e o ursinho agarrado ao ramo, pensou que estava livre de perigo. Até que… o ramo partiu e PUMBA…
O Bernardo caiu com toda a força, magoando a sua pata.
– Ai, ai ai, a minha pata.
Nesse instante, apareceu a coruja a voar.
–Bernardo, estás bem?
– Sim, Sim, disse ela a choramingar. – É a minha patinha, mas vou ficar bem.
Uma algazarra veio do meio da floresta e, os dois, olharam para os outros animais que vinham, cheios de pressa e muito preocupados.
– Ouvimos um estrondo e os teus gritos. Estás magoado?
– Bem, dói-me a pata, mas vou ficar bem. Só tenho que descansar.
–Porque fizeste isso? Não podias esperar pela nossa ajuda? Perguntou o esquilo Tó.
Bernardo, sorriu, envergonhado.
–Queria muito decorar a árvore hoje e decidi fazer-vos uma surpresa. Pensei que conseguia sozinho.
– Oh, amiguinho pateta. Por vezes, temos que perceber que não conseguimos fazer as coisas sozinhos e não faz mal esperar por ajuda.
Pessoal, vamos lá ajudar a decorar a árvore. O Bernardo quer a árvore decorada e vai tê-la.
Todos os animais ajudaram. A Coruja colocou a estrela lá no cimo, a raposa ajudou com as grinaldas e o esquilo subiu rapidamente, pelos ramos mais pequenos, para distribuir as luzinhas por todo o pinheiro.
Finalmente, cantaram músicas natalícias e ligaram as luzes. A Floresta iluminou-se com o belo pinheiro de Natal.
O Urso Bernardo, não cabia em si de contente.
– Obrigado! São os melhores amigos do mundo.
Então, batendo palmas, exclamou:
– Faltam 4 dias para o Natal! Vamos apanhar as bagas para a Ceia?
– Bernardo! -gritaram os amigos em coro. “Tens que descansar. Amanhã tratamos disso. Temos tempo!”
– Está bem! Está bem! Prometo que fico quieto. Vamos cantar músicas de Natal?
Todos se riram do Bernardo. O melhor do Natal é ter com quem o partilhar.
Ana Silva, Lápis Mágico, 2020