A galinha ruiva achou umas espigas de trigo.
Ela chamou o gato.
Ela chamou o ganso.
Ela chamou o porco.
A galinha ruiva disse:
– Quem me ajuda a semear o trigo?
– Eu não – disse o gato.
– Eu não – disse o ganso.
– Eu não – disse o porco.
– Então semeio eu o trigo – disse a galinha ruiva.
E a galinha ruiva semeou o trigo.
O trigo cresceu.
A galinha ruiva disse:
– Quem me ajuda a ceifar o trigo?
– Eu não – disse o gato.
– Eu não – disse o ganso.
– Eu não – disse o porco.
– Então ceifo eu o trigo – disse a galinha ruiva.
E a galinha ruiva ceifou o trigo e levou-o para o moinho.
Depois de ter já o trigo moído e feito em boa farinha, a galinha ruiva disse:
– Quem me ajuda a fazer o pão?
– Eu não – disse o gato.
– Eu não – disse o ganso.
– Eu não – disse o porco.
– Então faço eu o pão – disse a galinha ruiva.
E a galinha ruiva amassou o pão, que ficou muito bem amassado, e cozeu-o no forno, muito bem cozido.
– Quem me ajuda a comer o pão?
O gato disse:
– Miau! Miau! Miau! Quero eu, quero eu, quero eu.
O ganso disse:
– Quá! Quá! Quá! Quero eu, quero eu, quero eu
O porco disse.
– Gurnin! Gurnin! Gurnin! Quero eu, quero eu, quero eu!
A galinha ruiva disse:
– Vocês não me ajudaram a semear o trigo. Vocês não me ajudaram a ceifar o trigo. Vocês não me ajudaram a fazer o pão.
Pois então vocês não me ajudarão a comer o pão. Os meus pintainhos comerão o pão.
E a galinha ruiva e os pintainhos comeram o pão.
Quem não trabuca não manduca.
Está contada a história. Está dada a lição.
A Galinha Ruiva, António Torrado