Lápis Mágico

A princesa do bosque encantado

A princesa do bosque encantado é um conto tradicional finlandês, retirado do livro Palácio dos Contos.

A princesa do bosque encantado, conto tradicional francês

Era uma vez um rei, pai de três jovens príncipes, todos em idade de casar. Um dia, os nobres, reunidos na corte, perguntaram-lhe se já havia pensado nisso. — Digam-me quem é a princesa mais bela e mais rica que conhecem e enviarei um deles para lhe pedir a mão - foi a resposta pronta.
Eles declararam que era a princesa do bosque encantado.
— Também não me ocorreria outra melhor, mas vai ser difícil. Muitos outros candidatos tentaram chegar até ela. Internaram-se no bosque, mas nenhum regressou.
— O príncipe tem de passar pela Pousada dos Quatro Gorriões, onde lhe explicarão como deve ultrapassar o primeiro obstáculo.
Depois de se apetrechar devidamente, o príncipe mais velho pôs-se imediatamente a caminho. Quando chegou à Pousada dos Quatro Gorriões, disseram-lhe que, para penetrar no bosque, tinha de matar a serpente de guarda à entrada. Ao vê-lo aproximar, esta ergueu-se e ele tentou abatê-la, mas a espada limitou-se a roçá-la e ela indicou:
— Continua! O príncipe internou-se num bosque magnífico, cheio de árvores esplêndidas, povoado por aves de todas as cores e o solo coberto de flores odoríferas. Não tardou a sentir-se atraído por uma bela música de violinos e sanfonas, acompanhados por um coro. Jovens belos que dançavam convidaram-no a reunir-se-lhes e ele não hesitou em aceder. Sucederam-se os dias sem que o rei tivesse notícias do filho mais velho. Por fim, o do meio anunciou-lhe: — Também quero pôr-me a caminho. Tão-pouco conseguiu matar a serpente, limitando-se a produzir-lhe pouco mais do que um arranhão com a espada, após o que ela indicou: — Continua! Quando chegou ao local onde se encontravam os dançarmos, o príncipe deteve-se, surpreendido com aquela música e coros de pessoas que o convidavam a reunir-se-lhes. Reconheceu então o irmão e, tal como este, não seguiu em frente.
Como não chegavam notícias dos dois príncipes à corte do rei, o mais jovem comunicou ao pai: — Agora, quero partir eu. O monarca não desejava consentir, porém, o filho pegou na espada do avô, mandou-a abençoar e pôs-se a caminho.
Desta vez, a serpente recebeu um golpe mortal. Todavia, no mesmo instante, o príncipe viu que, no lugar do réptil, havia agora uma pequena e admirável raposa à qual faltava uma pata, como se lha tivessem cortado. — Vem comigo, príncipe - convidou-o.
— Segue-me, mas procura não te deteres com os dançarmos. Quando ouviu a música, ele voltou-se para o outro lado e prosseguiu o seu caminho, apesar de ter reconhecido as vozes dos seus irmãos, que o chamavam pelo nome. Quando os acordes deixaram de se ouvir, viu que a pequena e admirável raposa já só se apoiava às duas patas que lhe restavam. Apesar disso, ela indicou:
— Vem, vem, meu pequeno príncipe! Verás numerosos pássaros, cada um numa bela gaiola de ouro. Alguns cantam maravilhosamente bem e possuem plumagem deslumbrante. Não te detenhas junto deles. No entanto, quando vires uma gaiola com um pássaro de olhos tristes e penas eriçadas, apodera-te dela.
E, com efeito, o príncipe apoderou-se da gaiola do pássaro de penas eriçadas. No mesmo momento, deu-se conta de que a pequena e preciosa raposa caminhava sobre três patas, pois recuperara uma das perdidas. — Agora, continua com a tua gaiola e, quando chegares ao palácio, apodera-te de uma mula que um gigante deixou aí a pastar - recomendou ela. O gigante lamentou-se e rogou ao príncipe que não se apoderasse da mula, mas o jovem príncipe não cedeu aos seus pedidos insistentes, nem às ameaças. Desta vez, a pequena raposa, que recuperara a quarta pata, indicou-lhe: — Ata a mula às portas do palácio, entra e pergunta ao rei se te concede a mão da filha. O monarca respondeu que lha concedia com o maior prazer. No mesmo momento, o pássaro de penas eriçadas transformou-se na princesa mais linda do mundo, a qual aceitou em se tornar esposa do príncipe e pediu-lhe que a levasse imediatamente à corte do pai. A pequena raposa, que aguardava à porta, recomendou ao príncipe:
— Montem ambos na mula e, se se aproximar algum perigo, chamem-me com as seguintes palavras: “Acode em meu auxílio, pequena e preciosa raposa!” Quando o príncipe passou junto dos dançarinos, os irmãos voltaram a reconhecê-lo. À noite, ele e a princesa desmontaram da mula para descansar. De repente, surgiram dois homens jovens, um dos quais se apoderou da princesa e o outro da mula. E enquanto um levava a princesa sequestrada, o outro - o seu irmão do meio - atirou o príncipe a um poço que havia muito perto dali. O infortunado príncipe estava prestes a afogar-se, quando se lembrou da raposa e gritou: — Acode em meu auxílio, pequena e preciosa raposa!
No instante imediato, ela apareceu no topo do poço e indicou:
— Agarra-te à minha cauda! Quando ele se encontrava quase no cimo, a cauda soltou-se e voltou a cair na água. Acode em meu auxílio, pequena e preciosa raposa! Ela voltou a aparecer e desta vez conseguiu retirá-lo do poço. Em seguida, informou: — Regressa à cidade onde vive o rei, teu pai. Pelo caminho, encontrarás uma ferradura que a mula perdeu. Guarda-a. Quando chegares à cidade, veste-te de ferrador e, depois de todos os outros terem tentado ferrar a mula, oferece-te para o fazer. A seguir, dá-te a conhecer ao teu pai e explica-lhe que foste tu que conseguiste chegar até à princesa do bosque encantado. Os ferradores foram passando um após outro, mas nenhum conseguiu aproximar-se da mula, que não parava de escoicear, na presença do rei, com os seus dois filhos. Finalmente, apresentou-se um jovem ferreiro, que se acercou dela, levantou-lhe a pata e puxou de uma ferradura, que se lhe ajustou perfeitamente. O príncipe deu-se então a conhecer e, cheia de alegria, a princesa abraçou-o.
O monarca determinou que o casamento se celebrasse imediatamente. Jamais se tinha assistido a uma boda tão faustosa. E hoje, o príncipe e a sua princesa são esposos jovens e felizes e trouxeram ao mundo vários principezinhos.

** DIEDERICHS, Ulf,Palácio dos Contos,vol.I, Círculo de Leitores, Lisboa,1999**

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