O Rato do Campo convidou o seu amigo da cidade para gozar durante alguns dias os bons ares do campo. O Rato da Cidade aceitou.
Quando estavam a esgaravatar a terra à procura de comida, o Rato da Cidade disse ao amigo:
— Vives uma vida cheia de dificuldades e de trabalhos. Eu, na minha casa, vivo na abundância e estou rodeado de conforto e de luxo. Se quiseres vir comigo, partilho contigo tudo isso.
O Rato do Campo ficou maravilhado com a ideia e aceitou. Quando chegaram, o Rato da Cidade pôs à frente do amigo muitas iguarias: pão, feijões, figos secos, mel, uvas e um grande bocado de queijo que retirou de um cesto.
— Realmente tens razão! – Exclamou o Rato do , encantado com tanta comida obtida sem trabalho.
– Julgava que a minha vida no campo era boa, mas agora vejo que, afinal, vivo na penúria.
Dito isto, estendeu o focinho, pronto para abocanhar o naco de queijo. Foi então que alguém abriu a porta. Assustados, correram o mais depressa que puderam e esconderam-se num buraquinho tão pequeno que mal tinham espaço para respirar.
Quando o perigo passou prepararam-se para recomeçar a refeição. Pouca sorte! Voltou a entrar alguém na sala que não os pisou por um triz…
Assustado e cheio de fome, o Rato do Campo disse ao amigo:
– Apesar de me teres preparado um festim, tenho que me ir embora. Há aqui demasiados perigos: prefiro esgaravatar no campo a minha comida e viver em segurança e sem medo.