A Bruxa Titica era uma Bruxa de cabelo avermelhado, comprido e pele morena. Nada assustadora, à primeira vista, quando estava bem disposta.
Apenas quando lhe corria mal o dia – ou seja quando as suas poções não funcionavam- é que ela ficava irritadíssima, “bruxamente” zangada e com vontade de transformar quem falasse com ela, num sapo viscoso.
– Bolas! Raios e Trovões! Por que não consigo criar a minha poção aboboresca? – gritou furiosa, assustando o gato preto que dormia no sofá esburacado.
Nesse instante, surgindo nuvens negras no céu, inicia uma chuva tremenda, e o som de trovões.
É que, de cada vez que a Bruxa Titica grita “Raios e Trovões”, desata a chover e cria-se uma tempestade em todo o país das Bruxas, de tal modo violenta, que ficam uma semana sem ver o sol.
– Titica, Titica, que fizeste?!- Ouve-se uma voz guinchar.
Então, do nada, entra pela janela, a sua amiga Bruxa Fanica, montada numa vassoura rosa, último modelo.
– Outra vez a falhar nas poções? Já não aguentamos mais uma semana negra, sem luz e sem sol. Nós, Bruxas do país Bruxol, ao contrário do que pensam os simples humanos, gostamos de sol, não muito, claro! Mas faz-me bem às artroses e eu já ando a queixar-me outra vez.
– FFF, Fanica, não me aborreças que ainda te transformo num sapo.
– Ih Ihih, tenta! Quero ver se consegues: ultimamente, falhas todas as poções e ainda me transformas numa florzinha. Huum, pensando bem, não gosto nada dessas flores horrorosamente belas e cheirosas. RRR, dá-me arrepios!
Titica estava impaciente e bufando reclamou:
– Fanica, cala-te. Já não te posso ouvir.
– Bem, bem, afinal que se passa? Somos amigas, ou não?
– Quero fazer a minha poção aboboresca para o Halloween e não consigo. Sem ela, não temos abóboras suficientemente grandes para fazer a nossa Festa do Dia das Bruxas!
– Fanica, coçando a cabeça, pensativa, diz:
– E se te ajudasse? Vamos ler os ingredientes e ver se te esqueceste de alguma coisa.
Pegarem no livro das poções mágicas e leram:
Meio chifre de unicórnio
10 pelos de gato preto
Um dente de ogre
10 lágrimas de fantasma
Uma pedra da lua
Uma pitada de pó de abóbora
Misturar os ingredientes e mexer bem, até criar uma explosão.
– Misturaste os ingredientes?
– Claro que sim, não me esqueci de nada. Garanto!
A Fanica olhou para o gato e riu.
Ih Ih Ih
– Tens a certeza? Olha.
Olharam para o gato que estava muito entretido a lamber o chifre de unicórnio.
– Ai, ai, gato malvado. Dá cá!
Deitou-o imediatamente no caldeirão e PUM!
Ouviu-se uma explosão e as nuvens desapareceram.
– Conseguimoooos!
As bruxas pegaram na vassoura, na poção aboboresca mágica e deitaram-na nos campos à sua volta.
Imediatamente, começaram a crescer abóboras gigantes, com olhos e bocas pretas…perfeitas para a festa do Dia das Bruxas.
– Ah, aha!- Vamos ter tudo pronto para mais logo. Vai ser a melhor festa de sempre no país das bruxas!
Ana Filipa Silva, Lápis Mágico, 2020