Conhecem os caracóis?
São animais muito engraçados que andam com a casa às costas.
Esta é a história de uma caracol que gostava muito de viajar. Chama-se Teodoro, o nosso caracol. Como sabem, os caracóis andam muito devagar e o Teodoro não é diferente. Mas mesmo lentamente, ele ia onde queria: com muita paciência e determinação o Teodoro percorria o país à procura da sua princesa caracoleta.
Sim, é mesmo isso. O Teodoro era uma romântico e sonhava em conhecer a Caracoleta que roubaria o seu coração. Já andava nesta procura há uns dois anos mas estava difícil de conhecer a princesa certa. Ora, conhecia uma caracoleta do mar e ele detestava areia ou conhecia uma caracoleta muito viscosa… Todas muito simpáticas mas o seu coração não batia depressa.
Um dia, estava ele a preparar-se para fazer mais uma viagem de meses quando apareceu uma borboleta, que pousou na sua carapaça.
— Ei, o que estás a fazer? - perguntou ele, desconfiado.
A Borboleta Lira, assustou-se.
— Ai, desculpe! Pensei que era uma pedra e pousei para descansar um bocadinho.
— Uma pedra? Sinto-me ofendido! A minha carapaça é bem mais bonita que uma pedra qualquer.
A Borboleta Lira, levantou voo e pôs-se mesmo à frente do caracol. Observou-o bem e depois disse:
— Tem razão, senhor caracol. Peço desculpa. A sua carapaça é linda, com esse tom dourado e pintalgado de azul. Nunca vi um caracol com tamanha beleza.
O Teodoro ficou muito corado, o coraçãozito acelerado, e sem saber bem o que dizer, começou a gaguejar.
— Ah. o-o-obri-gaa-da. Nunca me tinha feito um elogio assim. E po-podes chamar-me Teodoro.
— E eu sou a Lira. Muito prazer.
— Então, diz-me, ó Borboletazinha, o que andavas a fazer para estares tão cansada e me confundires com uma pedra?
A Lira, sorrindo, explicou:
— Vim de bem longe, à procura das flores certas pois adoro esvoaçar e pousar nas flores mais belas e perfumadas. Quando me apercebi, já estava longe de casa e precisava descansar um pouco. E tu, que fazes?
— Bem, eu ando a viajar por todo o país à procura da companheira certa. Sinto-me sozinho e gostava de ter uma amiga para partilhar as minhas viagens.
O Teodoro estava cheio de vontade de pedir à sua nova amiga para lhe fazer companhia. Sentia que ela podia ser mesmo a sua princesa. Ficou muito vermelho, encheu-se de coragem e perguntou:
— Gostavas de vir comigo? Juntos podíamos conhecer sítios novos e jardins cheios de flores perfumadas.
A Borboleta, esvoaçou de contente e disse:
— Oh, que bom. Claro que sim, Gostava muito de ir contigo mas com uma condição. Tens que me deixar pousar na tua carapaça quando me sentir cansada.
— Combinado. Partimos hoje de tarde?
E os dois amigos foram em direção à aventura. E tu, quando fores passear pelos campos ou pelos jardim, está atento. Quem sabe não os encontras por aí.
Ana Filipa Silva, Lápis Mágico, 2020