A Teresa, de cinco anos, estava em casa há já alguns dias, com os pais. Não estava de férias! Todos estavam obrigados a ficar em casa por causa de um Vírus chamado Covid-19 e os pais trabalhavam a partir de casa.
Ela ainda não percebia muito bem porque, de repente, deixou de ir à escola, de ver os amigos ou de estar com os avós, mas tinha que fazer os trabalhos que as professoras mandavam por e-mail.
Entretinha-se a brincar sozinha, mas pedia companhia, muitas vezes. Os pais, à vez, revezavam–se para brincar com ela: adorava jogar bola com o pai; andar de bicicleta e fazer bolachas e bolos saudáveis com a mãe. Mas, às vezes, sentia-se mais triste.
Estava cheia de saudades dos amigos, dos primos, dos tios e dos avós. Fazia videochamadas com todos, mas não era a mesma coisa.
Os pais explicaram-lhe que tinha que lavar muto bem as mãos, ter cuidados redobrados na sua higiene, que não devia por as mãos na cara e que deviam ficar em casa, sem contactar com outras pessoas. Via, até, algumas notícias na televisão. Ela não gostava muito, mas os pais entendiam que era importante ela saber o que se passa no mundo.
No entanto, ela continuava com dúvidas:
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Mãe, nunca mais vou à escola? Não vou ver mais os meus amigos?
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Claro que vais, querida. Quando o vírus se for embora e tudo ficar bem, vamos voltar a fazer tudo o que fazíamos: estar com a família, passear, andar nas ruas, ir à praia e claro, ir à escola e estar com os amigos.
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E ainda falta muito?
O pai, que também ouvia a conversa, respondeu:
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Não sabemos, Teresa. A verdade, é que vai depender muito das pessoas. Se todos se portarem bem e fizerem o que os médicos mandam, o vírus vai embora mais depressa. E sabes o que temos todos que fazer?
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O quê?
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Ficar em casa, por agora. Não devemos sair, nem estar com ninguém exceto com quem vivemos. Devemos lavar muito bem as mãos durante 20 a 30 segundos, que é mais ou menos o tempo que demoramos a cantar os parabéns ou outra música que gostes e aprendeste na escola.
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Mas por que é que tem que ser assim? Não percebo.
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Pois, entendo que é difícil. Vamos-te explicar, então, tudo dobre o vírus.
O vírus chama-se Covid-19 porque os cientistas descobriram que é um vírus da família dos Corona vírus- e parece uma coroa ao microscópio. Apareceu em 2019, na China, no fim do ano. As pessoas infetadas sentiam, todas, muito cansaço, febre, tosse e dificuldade em respirar. Muito rapidamente, os médicos perceberam que o vírus era altamente contagioso e podia pôr as pessoas bastante doentes, como se tivessem pneumonia.
Por todo o mundo, os países começaram a ficar preocupadas pois as pessoas viajam muito e, é muito fácil, o vírus espalhar-se. Em pouco tempo, começaram a surgir mais casos, mais pessoas infetadas. Os cientistas trataram logo de continuar a estudar o vírus e já descobriram muita coisa sobre ele: que passa de umas pessoas para outras quando falamos ou tossimos, ou seja, através das gotículas respiratórias e por isso é muito importante tapar a boca com uma máscara e mantermo-nos separados uns dos outros. Mas descobriram mais: é que o vírus, sobrevive alguns dias ou horas, em superfícies como vidros, madeira, metal e roupa, por exemplo. Devemos, portante, lavar e desinfetar tudo com lixívia ou uma solução alcoólica.
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Ah, por isso é que tu e a mãe agora estão sempre a limpar tudo com lixívia.
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Sim, querida. Nós nem saímos de casa, mas devemos proteger-nos de todas as formas e assim ficamos mais sossegados. Agora ouve: tu tens um papel muito importante também. Deves lavar as mãos muitas vezes, e evitar por as mãos nos olhos, na boca e na cara em geral.
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Vamos lembrar como devemos lavar as mãos? Anda daí, vamos à casa de banho.
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Molhamos as mãos; aplicamos sabão suficiente. Esfregamos as palmas das mãos, uma na outra e, depois, sobre o dorso com os dedos entrelaçados. De seguida, palma com palma e na parte de trás dos dedos. Esfregar o polegar em sentido rotativo e depois em todos dos dedos. Enxaguar as mãos com água e secar com um toalhete descartável.
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Nós já fazemos assim. Eu já sei como é.
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E deves continuar a fazer todos estes passos. Vamos todos ter que continuar a ter sempre cuidado; continuar a respeitar o distanciamento e os cuidados de higiene, mesmo depois de esta fase acabar.
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Ooh, eu tenho tanta vontade de estar com os tios e os avós. E com os meus amigos também.
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Eu sei, querida. Olha, porque não fazemos já uma chamada para os avós?
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Uma videochamada? Boa! Sim, vamos lá. Vou mostrar a borboleta que fiz com rolos de papel higiénico.
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Boa ideia, Teresa. Senta aí no sofá para ligar.
E assim, no meio daquela fase mais difícil, mitigar as saudades era muito importante.
Ana Filipa Silva, Lápis Mágico, 2020