Era uma vez uma gatinha vadia, muito pequenina e branquinha. Tinha olhos azuis e o focinho e as patinhas acastanhados. Ela andava perdida e estava cheia de fome e frio.
Um dia estava no campo à procura de um ratito para matar a fome e um cão assustou-a. Ela estava cheia de medo e saltou para um muro, sem saber o que fazer. O coraçãozito saltava, saltava com o medo.
Estava encolhidinha à espera que o cão desaparecesse.
Do outro lado do campo apareceu uma menina que corria feliz pela erva. A menina viu a gatinha no muro e como adorava animais, com muito cuidado, pé ante pé foi até ao muro onde estava a gatinha. Ela sabia que os gatos são muito assustadiços e qualquer movimento brusco a faria fugir.
A gatinha medrosa não se sentiu nada assustada. Havia algo de especial naquela menina que se aproximava. Deixou-se estar. Quando a menina tocou no pelinho dela em vez de fugir começou a ronronar. Que bom era sentir alguém fazer-lhe festinhas!!
A gatinha sabia que a menina não lhe ia fazer mal. Sentiu desde início que aquela menina a ia tratar bem e deixou-a pegar nela. Ronronou de satisfação. A menina levou-a para a garagem de sua casa e deu-lhe comida e água. Chamou-lhe Florzinha.
Foram uns dias felizes. A gatinha sentia-se tão protegida que não saía do abrigo que a menina lhe deu e a menina estava tão feliz por ter aquela gatinha ao seu encargo que sempre que podia ia espreitá-la e fazer-lhe festas. Aos poucos ganharam a confiança uma da outra e a menina gostava de dizer que a sua Florzinha a tinha escolhido para sua dona.
Passaram a ser inseparáveis. Onde estava a menina, a Florzinha também estava. Deixava-se estar no seu colo quando a menina estudava ou via televisão. À noite, dormia num cesto em cima do armário porque adorava estar nas alturas.
E foi assim que uma gatinha vadia se tornou numa bela e feliz gatinha.
E a menina da história continua a conquistar gatinhos vadios e adotá-los com muito amor.
Ana Filipa Silva, 2016, Lápis Mágico