Na minha aldeia, uma semana antes da Páscoa as pessoas fazem limpeza às casas, aos jardins e aos caminhos. Na véspera, depois de tudo limpo e arrumado, apanham-se flores e hera, faz-se bolos e arranja-se o pão de lá.
No Domingo de Páscoa, acorda-se com o som estridente dos foguetes e o repicar dos sinos. Da parte da manhã há uma missa e depois saem as cruzes para percorrer a freguesia. Abrem-se as portas de par empar, as entradas cobrem-se com flores e verdes.
Espera-se ansiosamente o compasso. O padre entra deitando água benta e dizendo palavras de Paz e boas festas uns aos outros que, devotadamente, beijam a Cruz.
Diante de uma mesa bem-posta, com a sua toalha bordada, há pratos com doces e amêndoas e a tradicional regueifa de pão de ló.
O compasso lá segue, depois de petiscar qualquer coisa, e a campainha continua a tocar a alvoraçar toda a aldeia.
Ao fim do dia, as Cruzes voltam à igreja para terminar o dia de Páscoa.