Esta Santa Imagem é de pedra, bem trabalhada, e teve a sua origem num voto de aflição, que a tradição oral e escrita trouxe até hoje e nós vamos contar:
Era uma vez… ia Diogo Gil no alto mar. Não diz a lenda se era marinheiro ou comerciante, capitão, piloto ou embreador, quando nas costas portuguesas se levantou temerosa tempestade, com alterosas ondas que varriam o barco de proa à ré, de bombordo a estibordo.
A aflição generalizou-se e Diogo Gil, que via terminados os seus dias naquele momento, fez um fervoroso voto a Nossa Senhora de Lhe construir uma Ermida num alto monte que dali se avistava se a borrasca amainasse.
E, logo após a promessa feita, à tempestade sucedeu a bonança. E Diogo Gil, fiel á sua promessa, logo se voltou para terra e avistando os altos montes que coroam a povoação das Cortes, disse: “Será ali”.
Regressando à terra, na cidade de Lisboa, Diogo Gil foi procurar o sítio que do mar avistara e onde devia construir a ermida dedicada à Rainha dos Céus. E andou, andou, até que chegou às Cortes.
E ali subiu, subiu, passou a Abadia, e continuou a subir…
Até que, lá ao longe, se via o mar, aquele mar que ia encurtando a vida de Diogo Gil. O peregrino, olhando o mar, lembrou-se do mau bocado que passara lá longe, nas brumas da distância. E, ali mesmo, Diogo Gil ajoelhou, orou, e depois mandou edificar a Capelinha que prometera à mãe de Jesus.
Colocada a Imagem no altar, grande festa Lhe fez Diogo Gil, festa que todos os anos se repetia e que ainda hoje se repete no dia da Senhora do Monte.
Não se sabe quando se edificou a ermida, mas sabe-se que já tem vários séculos.