Eram doze moças donzelas
Todas forradas de bronze
Deu o trangalomango
(*) nelas Não ficaram senão onze.
(*)Trangalomango: Infortúnio. Doença atribuída a feitiço; bruxedo
Dessas onze que elas eram
Foram lavar os pés
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão dez.
Dessas dez que elas eram
Foram cavar numa cova
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão nove.
Dessas nove que elas eram
Foram amassar biscoito
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão oito.
Dessas oito que elas eram
Todas usavam barrete
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão sete.
Dessas sete que elas eram
Foram cantar por dez réis
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão seis.
Dessas seis que elas eram
Fecharam a porta ao trinco
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão cinco.
Dessas cinco que elas eram
Comeram arroz com pato
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão quatro.
Dessas quatro que elas eram
Voltaram lá outra vez:
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão três.
Dessas três que elas eram
Foram lá por essas ruas:
Deu o trangalomango nelas
Não ficaram senão duas.
Dessas duas que elas eram
Foram apanhar caruma
Deu o trangalomango nelas
Não ficou senão uma.
Dessa uma que ela era
Foi viver para a cidade
Deu o trangalomango nela
Não ficou senão metade.
Dessa metade que ela era
Foi brincar com um pião
Deu o trangalomango nela
Acabou-se a geração.